Como 570 especialistas preveem o futuro do trabalho

Data de publicação: 21 Out 2024

Inteligência artificial — Foto: Getty Images
Otimistas, céticos e pessimistas projetam cenários distintos sobre o impacto da inteligência artificial e da automação no mercado de trabalho

Fonte: Época Negócios| Por Renata Turbiani

A inteligência artificial e os robôs irão realmente substituir os humanos no mercado de trabalho? Ainda não é possível cravar que isso acontecerá, mas muitos especialistas já deram suas opiniões.

Os professores Nicky Dries, da KU Leuven e da BI Norwegian Business School, Joost Luyckx, da IESEG School of Management e da KU Leuven, e Phillip Rogiers, da Universidade Ramon Llull, identificaram um conjunto de 485 artigos de jornais belgas dos últimos cinco anos, nos quais especialistas globais fizeram previsões sobre o assunto.

Com base nessa análise de jornal, eles descobriram que três grupos específicos claramente dominam o debate sobre o futuro do trabalho na mídia: otimistas (na maioria empreendedores de tecnologia, como Elon Musk), céticos (em grande parte economistas, como David Autor, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e pessimistas (escritores e jornalistas, como David Frayne).

“Encontramos uma alta concordância entre especialistas do mesmo grupo sobre como eles acreditavam que o futuro do trabalho se desenrolaria e baixa concordância entre os grupos”, escreveram os pesquisadores, em artigo publicado no Harvard Business Review.

Na etapa seguinte do estudo, eles identificaram 570 especialistas em tecnologia, economia e redação/jornalismo. A partir daí, escreveram cenários sobre o futuro do trabalho com base nas previsões concorrentes feitas na mídia e pediram que eles avaliassem a probabilidade de previsões diferentes. Todos que responderam acreditaram consistentemente que os cenários apresentados por “seu” grupo eram mais prováveis.

Na terceira fase, foi solicitado que essas pessoas indicassem, para cada previsão separada, em que ano esperavam que acontecesse e com que grau de certeza. O resultado foi que a maioria dos otimistas esperava avanços positivos em um futuro próximo; os pessimistas acreditavam em resultados negativos e os viam como iminentes; e os céticos eram mais propensos a indicar, para muitas previsões, que eles nunca aconteceriam ou apenas em um futuro muito distante.

Supondo que cada um desses grupos de especialistas tivesse uma peça do quebra-cabeça, foi calculada a média de suas previsões e mapeada no cronograma a seguir:

2025: A tecnologia exige requalificação ou aprimoramento constante por parte dos trabalhadores.
2026: As tarefas de trabalho são parcialmente automatizadas.
2029: Novas tecnologias criam novos tipos de ocupações e indústrias.
2030: Cada vez mais ocupações são aumentadas pela IA, ajudando as pessoas a trabalhar de forma mais eficiente e produtiva.
2033: Desastres ecológicos importantes ocorrem.
2035: A desigualdade econômica aumenta dramaticamente.
2037: As pessoas trabalham ao lado de colegas robôs. Cada vez mais trabalhos são completamente substituídos pela tecnologia.
2042: A Terceira Guerra Mundial irrompe
2044: Sociedades de vigilância se tornam a norma em todo o mundo.
2046: A automação leva a semanas de trabalho mais curtas, aumento do tempo de lazer e um renascimento do trabalho artesanal humano.
2050: Os mercados de trabalho em todo o mundo enfrentam desemprego em massa.
2051: Os governos introduzem a renda básica universal.
2052: A humanidade depende da tecnologia para tudo.
2053: Avanços nas pesquisas sobre longevidade estendem drasticamente a expectativa de vida da elite tecnocrática.
2063: Elites tecnocráticas começam a colonizar outros planetas.
2065: Todas as qualidades humanas são superadas pela tecnologia inteligente.
2074: A civilização humana é irreversivelmente transformada por uma superinteligência incontrolável além de nossa compreensão (singularidade tecnológica).

Por fim, os três grupos fizeram um teste de personalidade, que incluía perguntas sobre sua infância e sobre seus valores e crenças atuais. As descobertas foram que os empreendedores de tecnologia eram otimistas radicais, os economistas acreditavam na racionalidade acima de tudo, e os escritores e jornalistas apostavam na misantropia e na crença de que muito na sociedade é decidido por aqueles que estão no poder a portas fechadas.

“Para complicar ainda mais as coisas, com base em nossa análise de jornal, concluímos que todos os três grupos de especialistas estavam realmente convencidos de que suas previsões sobre o futuro do trabalho estavam corretas e que as outras estavam erradas — e até mesmo absurdas”, apontaram Dries, Luyckx e Rogiers.

Mas por que existem tantas diferenças nas crenças sobre o futuro do trabalho? Segundo os autores da pesquisa, cada um dos especialistas foi treinado em um campo específico, com seu próprio conjunto de regras e suposições sobre como o mundo funciona. Além disso, eles também aprendem o que “conta” como evidência dentro de sua área.

Além disso, esses especialistas interagem principalmente com pessoas das mesmas disciplinas ou de disciplinas semelhantes, participam de workshops e leem relatórios que reforçam as chamadas “estruturas de campo” nas quais foram socializados. Isso leva à homogeneidade dentro das disciplinas e à heterogeneidade entre as disciplinas. Também explica por que esses grupos concorrentes acham tão difícil entender o ponto de vista uns dos outros.

“Em nossa opinião, os cenários apresentados por otimistas, céticos e pessimistas são todos teoricamente possíveis. Perguntas como ‘a IA destruirá muitos empregos’ são, portanto, equivocadas – se a IA destrói muitos empregos ou não, dependerá das decisões tomadas por pessoas nos próximos anos", escreveram.

"A questão, portanto, não é: ‘Como será o futuro do trabalho?’, mas, sim, ‘Como que nós queremos que seja o futuro do trabalho?’ Isso reformula a questão do futuro do trabalho como uma arena para valores, política, ideologia e imaginação, em vez de um conjunto de tendências que podem ser previstas objetivamente. Também deixa claro que o debate sobre o futuro do trabalho provavelmente ficará ainda mais polarizado nos próximos anos. A utopia de uma pessoa é a distopia de outra”, completaram os professores.
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