NCST e centrais celebram criação do grupo de trabalho com governo Lula
Data de publicação: 18 Jan 2023Em Brasília, nesta quarta-feira (18), o diálogo entre o governo e o Movimento Sindical foi retomado oficialmente com a primeira reunião ampliada do presidente Lula com sindicalistas. O presidente interino da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Moacyr Roberto Tesch Auersvald, celebrou o momento: “Hoje é um dia pra lá de especial para todos nós. É o dia do retorno ao diálogo, a conversa franca e amiga, o dia em que o simples trabalhador, como cada um de nós, ganha vez e voz, novamente, neste país. Só nós sabemos como foram difíceis os últimos seis anos, onde sequer fomos ouvidos uma única vez”.
O presidente Lula, que enalteceu a sua condição de ex-sindicalista, reconheceu a importância do evento para classe trabalhadora: “Eu sei que vocês estão com sede de democracia, de participação. Não podemos fazer tudo de única vez, mas nosso lema é união e reconstrução ”.
O encontro pela manhã, no Palácio do Planalto, iniciou as negociações sobre a Pauta Unitária da Classe Trabalhadora, aprovada pela Conferência da Classe Trabalhadora (Conclat) em abril de 2022. Na ocasião, o professor Oswaldo Augusto de Barros — presidente licenciado da NCST que também preside a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Educação e Cultura (CNTEEC) — ressaltou que a educação e a cultura foram esquecidas pelo governo Bolsonaro e pediu atenção especial de Lula para as áreas. “Lula, por favor, não esqueça da educação e da cultura no seu governo. Quando se eleva a qualidade da educação pública, o setor privado também se esforça para valorizar seus profissionais. ”
Inclusive, antes do evento de hoje, por videoconferência, professor Oswaldo e Moacyr Auesvald alinharam a posição da NCST.
Movimento Sindical renovado
“Desmontaram todo o conjunto de direitos que a classe trabalhadora tinha conseguido desde 1943. E nesses dirigentes sindicais, que estão aqui, tenho certeza que ninguém quer reconstruir a estrutura sindical tal como era. Eles sabem que o Mundo do Trabalho mudou e que é preciso se reinventar a nível de estrutura e da relação capital x trabalho. Por isso, criamos uma comissão de negociação, primeiro com os sindicatos, para melhorar as condições dos trabalhadores que não possuem nenhum sistema de seguridade social no momento de sofrimento”, disse Lula aos presidentes das centrais.
Segundo o presidente, é preciso que o sindicalismo reconquiste a confiança do trabalhador assim como também é necessário que tenha o mínimo de recursos para isso. Reafirmando seu compromisso com o financiamento do trabalho sindical. “Queremos construir com o Movimento Sindical uma nova estrutura numa economia totalmente diferente dos anos 80.Tem gente que acha que o mundo moderno não precisa de sindicato. Mas quanto mais séria a democracia mais ela precisa do sindicato para defender os trabalhadores”, disse.
Em concordância ao discurso de Lula, o presidente interino da NCST reafirmou a postura da entidade em defesa do sistema. “A Nova Central Sindical desde a sua fundação defende A UNICIDADE, O DESENVOLVIMENTO, A JUSTIÇA SOCIAL, BEM COMO UM SINDICALISMO FORTE, COM O FORTALECIMENTO DA SISTEMA CONFEDERATIVO, A FAMOSA PIRÂMIDE SINDICAL.”
Moacyr ainda completou: “Aprendemos no nosso dia a dia o que é o Direito e o Respeito pelas Negociações Coletivas, tanto privada quanto pública. Por isso, consideramos necessária a regulamentação da Convenção 151. É fundamental que tenhamos garantido a liberdade e a autonomia plena das nossas assembleias”.
Mesa Nacional para debater questões trabalhistas
Com a criação da Mesa Nacional para debater questões trabalhistas, Lula deseja facilitar o debate das várias pautas contidas na Pauta Unitária da Classe Trabalhadora. A nova política de valorização do salário mínimo será o tema emergencial do grupo, mas a legislação trabalhista, trabalhadores de aplicativos, aposentadoria e direitos previdenciários também estão entre os temas prioritários.
A NCST pediu atenção especial para correção da tabela do Imposto de Renda, que não acontece desde o governo Dilma. “Há muito tempo não há reajuste na tabela do Imposto de Renda. São sete anos, sem contar com defasagem desde 1996, que nos acarreta cerca de 148% de um largo prejuízo para a classe trabalhadora”, enfatizou Moacyr Auesvald.
Segundo Auesvald, “se faz necessário uma reforma tributária solidária, atingindo especialmente quem ganha mais, as grandes fortunas, e ao mesmo tempo desonerando os mais humildes, as microempresas”.
Ao encerrar sua fala na reunião, o presidente interino NCST mostrou seu apoio na luta: “Queremos participar ativamente desse processo. Afinal temos sido diretamente atingidos pela injustiça na qual está intrinsicamente inserida a classe trabalhadora brasileira”.
Agenda movimentada em Brasília
Agora à tarde, os sindicalistas tiveram audiência com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin. A implementação de uma política industrial e de medidas para o setor produtivo esteve na pauta.
Amanhã (19), os encontros serão com os ministros Luiz Marinho (Trabalho) e Carlos Lupi (Previdência Social).